Igreja da Santa Susana em Alcácer do Sal

Igreja de Santa Susana em Alcácer do Sal

A Igreja de Santa Susana resulta da ampliação seiscentista de uma ermida do século XVI, pertencente à Ordem de Santiago, e da qual ainda resta a estrutura da atual capela-mor. O templo permaneceu numa zona rural até aos anos 20 do século XX, quando foi fundado o aglomerado urbano onde hoje se integra, e construída a torre sineira.

Por entre as típicas casas alentejanas, caiadas a azul e branco, destaca-se em Santa Susana o edifício da sua igreja matriz. Com um traçado tipicamente popular, a Igreja de Santa Susana é constituída por uma só uma nave com uma abóbada de berço redonda De influência maneirista, a igreja paroquial tem um interior muito simples onde se destacam a figura de Santa Susana, no centro do altar-mor, e, sobretudo, duas pinturas sobre madeira que ladeiam a imagem.

Descobertas por acaso em 1983, na sequência de uma tentativa de inventariação do património artístico e cultural do concelho de Alcácer do Sal, as representações foram descritas por Vítor Serrão, diretor do Instituto de História da Arte da Universidade de Lisboa e membro efetivo da Academia Nacional de Belas-Artes, como “duas peças excecionais de pintura «primitiva», sem par no sul do país, onde obras pictóricas deste tempo são raríssimas”.

Representando respetivamente a Anunciação - anjo Gabriel revela a Maria que vai dar à luz um menino - e a Natividade - nascimento de Jesus Cristo -, os painéis datarão do século XVI e tudo indica que terão sido produzidas pelo enigmático, mas reputado, Mestre da Lourinhã, um luso-neerlandês responsável por obras semelhantes nas igrejas matrizes de Cascais e Alcochete. Pouco se sabe acerca da origem das pinturas, porém, parece evidente aos olhos dos investigadores que, dado a excelência do seu trabalho de conceção, elas não pertenceriam originalmente a um pequeno templo rural como a Igreja de Santa Susana. Aliás, é visível que as imagens foram cortadas de forma a encaixar no retábulo-mor do templo.

Vítor Serrão considera que provavelmente as peças pertenceriam a alguma família ilustre de Alcácer do Sal que as terá decidido doar à igreja do povoado. Apesar de raros, os painéis da Igreja Santa Susana apresentam algum nível de degradação.

Fonte: Website da CMAS.